quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Kamui Kobayashi se diverte em testes pela SUPER FORMULA

Kamui Kobayashi pode estar desistindo de vez desse negócio de Fórmula 1. Esse ano, o piloto já foi visto (especialmente no segundo semestre desse ano) no paddock de algumas corridas da SUPER GT, no qual é o mesmo pessoal envolvido na SUPER FORMULA, em provável negociação nos dois certames. O fato é que, por agora, famoso piloto japonês (que é vulgarmente chamado de "mito" e que também é DJ nas horas vagas) recebeu um convite da organização para fazer uma bateria de testes hoje e amanhã, na categoria de monopostos do Japão.

Além dele, as novidades do teste da categoria são o britânico Jann Mardenborough, um dos graduados mais bem sucedidos do programa GT Academy. Daiki Sasaki, que faz uma boa fase pela F3 japonesa. O belga Bertrand Baguette, que largou a IndyCar e foi aventurar na LMP2 do WEC, bem como convocado da Nakajima Racing esse ano na SUPER GT. E também, Kotaro Sakurai e Fabio Leimer, dois jovens que estão respondendo bem seus resultados nas categorias de base dos monopostos. 

Entre os veteranos, estão presentes Takuma Sato, Toshihiro Kaneishi, Kazuki Nakajima e Tsugio Matsuda (que não correu a temporada de 2014). No primeiro dia, nenhum deles foi páreo para Kamui Kobayashi, com sua vasta experiência com monopostos e com passagem pela maior categoria do automobilismo, fez impressionantes 1'11.769 na pista de Okayama a bordo do SF14-Toyota do Team LeMans. Por incrível que pareça absurdo, Jann, do virtual para o real, ainda ficou com o segundo melhor tempo, a 632 centésimos de Koba-san. Takuma Sato, que teve mais passagem pela F-1 do que qualquer outro piloto japonês, ficou com o terceiro melhor tempo.

A bateria de testes segue amanhã com os mesmos pilotos.

Resultado parcial do primeiro dia de testes:
1. Kamui Kobayashi Team Le Mans-Toyota  1'11.769 
2. Jann Mardenborough Team Impul-Toyota +0.632 
3. Takuma Sato Honda test car +0.782 
4. Fabio Leimer Team Mugen-Honda +1.123 
5. Kazuki Nakajima Toyota test car +1.391 
6. Tsugio Matsuda KCMG-Toyota +1.459 
7. Daiki Sasaki Kondo Racing-Toyota +1.648 
8. Toshihiro Kaneishi Real Racing-Honda +1.889 
9. Bertrand Baguette Nakajima Racing-Honda +2.398 
10. Kotaro Sakurai Real Racing-Honda +2.744

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A carreira de Tom Kristensen no Japão

Quando se fala neste nome, de cara lembramos do recorde de vitórias nas 24 Horas de Le Mans. De cara lembramos da Audi, equipe que ele defendeu por uma década inteira. E de cara lembramos que o dinamarquês não precisou da Fórmula 1 para ser considerado uma lenda do automobilismo mundial. Tom Kristensen é talvez a maior referência do endurance no mundo. Se não for a maior, está nas primeiras posições de qualquer lugar que seja mencionado.

Hoje (19), Tom anunciou o adeus definitivo das pistas. O dinamarquês preferiu encerrar a carreira após a construção de um currículo no automobilismo que inclui não só os nove títulos nas 24 Horas de Le Mans, como também as seis vitórias gerais nas 12 Horas de Sebring, o título no Mundial de Endurance (WEC) ano passado, um título no BTCC, em 2000, e uma série de vitórias noutros campeonatos.

O que muita gente não deve saber da carreira de Kristensen é que o dinamarquês também se aventurou no Japão, o melhor lugar para oportunidades, incluindo uma carreira no automobilismo.

Na busca de sucesso na carreira, Tom abandonou a Europa para tentar alguma coisa no Japão. Ele vinha participando da F3 alemã e acabará conquistando o título de 1991 antes de partir para terras nipônicas. Seu destino inicial solidou-se nos monopostos da mesma categoria, mas logo ele acabou sendo convidado para participar do JTC, que na época, esbaldava-se dos Skyline GT-R R32 tipo Grupo A. Kristensen entrou na equipe Object T e disputou a temporada de 1992 do campeonato sendo rival de lendas como Naoki Hattori, Masahiko Kageyama, Keiichi Tsuchiya, Kunimitsu Takahashi, Kazuyoshi Hoshino, Masahiro Hasemi, entre outros nipônicos.
O #22 AXIA SKYLINE de Kristensen, em 1992
A temporada em si, foi muito boa para Kristensen. Em parceria com Kazuo Shimizu, seu AXIA SKYLINE acabou faturando segundo lugar nas duas primeiras corridas daquela temporada, um quarto lugar em Sugo, a vitória em Suzuka, dois quintos lugares restantes junto de um terceiro lugar na final em Fuji. Como naquela época o campeonato também contava participação por quilometragem, o resultado final deu a Kristensen o terceiro lugar no prestigiado campeonato de turismo japonês, que no ano seguinte se despedia dos regulamentos impostos do Grupo A da FIA, por conta do monopólio que o R32 causou desde que foi imposto no desporto mundial.

Kristensen permaneceu na Object T em 1993. Desta vez, a equipe mudou o patrocinador principal do carro para a petroleira BP, que trouxe ao carro uma combinação de cor invejável que acabou tirando os olhos de muita gente. Tenho certeza que havia algum brasileiro na torcida que, durante as corridas, gritou: "Olha, o R32 canário!". O que ele provavelmente não sabia é que a lenda chamada Kristensen o pilotava. Nesta temporada, na divisão 3 (Kristensen pilotava na divisão 1), o campeonato contou também com a presença de Mika Salo, finlandês, a bordo de um Toyota AE101, num projeto similar a de Kristensen na tentativa de montar uma carreira no Japão.

Kristensen novamente mostrou que pode ser tão bom quanto os donos da casa. Terceiro lugar na primeira etapa, segundo na segunda, mais dois terceiros lugares no meio da temporada e a vitória na final. Não terminou no top 3, mas o piloto conseguiu um honroso sexto lugar. O único "gringo" entre os 10 primeiros colocados da temporada na despedida do Grupo A pelo turismo.
Corona EXiV de Kristensen, em 1994
Nesse meio termo, Tom Kristensen foi campeão da F3 japonesa. A escola de todo garoto que quer alguma coisa no Japão. Ele acabou correndo também pela F3000 (que pouco depois viria se chamar Formula Nippon), por suporte da NAVI CONNECTION RACING, a partir de 1994. Por sua vez, Tom fez uma temporada meia boca da F3000 em '94, bem diferente do que vinha fazendo no campeonato de turismo, terminando com o melhor resultado em quarto lugar e resultado final em nono. Uma temporada bem melhor pela CERUMO em '95 lhe rendeu o terceiro lugar no ranking, com 29 pontos no total.

Tom Kristensen no Japão e sua cabeleira
que mais faz lembrar um integrante do
Backstreet Boys do que um piloto de
corridas
Também em 1994 e 1995, Kristensen ainda participou do JTC (agora, chamado de JTCC), num formato completamente diferente do que vimos em 1992 e 1993, agora com os carros da classe Supertouring, denominada a classe padrão de turismo nos anos 90 e duas corridas por etapa. O dinamarquês foi posto na CERUMO para 1994 e trouxe para a equipe toyotista, a bordo do Corona EXiV #39, um total de cinco vitórias! Mesmo com o recorde de vitórias na temporada, o piloto perdeu o campeonato para Masanori Sekiya, que foi campeão por 2 pontos de diferença.

Ele terminou a temporada de 1995 em quinto. Uma temporada ruim se comparado ao do ano anterior. Neste ele acabou sendo até desclassificado da race #2 na sexta etapa em Okayama. Depois dessa, ele preferiu se aventurar pelo novíssimo campeonato de gran turismo: o JGTC, a mescla do JTC com o JPSC de protótipos. Com seu bom vinculo com a Toyota, ele participou de uma etapa em 1995 e foi posto a tempo inteiro em 1996 para guiar um Toyota Supra, da GT500, mas não fez uma temporada boa e terminou em 12º no ranking. Em 1997, ele guiou em apenas duas etapas, mas não fez nada que chamasse a atenção, a excesso do quarto lugar em Mine.

Depois de toda essa aventura pelo Japão, o piloto foi chamado pra algumas equipes lá fora, incluindo a bem sucedida Joest, que estava com programa de participação nas 24 Horas de Le Mans de 1997. O resultado, vocês já sabem muito bem.

Apesar de conquistar apenas o título da F3 no Japão, Kristensen é um nome muito bem lembrado por lá, tem uma concentração considerável de fãs no país e certamente é um dos estrangeiros que mais fizeram sucesso nas categorias de base, além do carisma deixado pelo piloto, quer seja no Japão ou em qualquer parte do mundo. O fato é que Tom Kristensen fará falta nas pistas a partir de 2015... Quem sabe ele mude de ideia e acabe correndo por diversão apenas, como Emerson Fittipaldi fará em Interlagos esse ano, pelas 6 Horas de São Paulo, do WEC, evento que ele mesmo gerencia.

A despedida de Tom Kristensen das pistas está marcada exatamente nas 6 Horas de São Paulo, em Interlagos. Aos leitores que pretendem ir prestigiar o evento de perto, espero que aproveitem esta oportunidade maravilhosa de ver a última corrida de Kristensen. E que consigam uma conversa e um autografo da lenda. Obrigado ao Kristensen por ter feito o show no automobilismo! Que ele faça bonito na despedida, mesmo que não vença.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

História dos 1000 km de Suzuka (Parte IV/Final) – Uma década de turismo japonês

Enfim chegamos na parte final da história dos 1000 km de Suzuka. Esta é a parte que integra em definitivo o período dos GT500 que vimos no JGTC e vemos hoje na SUPER GT.

No post anterior você viu o período em que o turismo dominou o certame através do BPR e do FIA GT. Para 1999, o FIA GT acabou sendo reformulado, proibindo de vez os carros da classe GT1 e transformando a classe GT2 na principal, renomeada de "GT". Mas o campeonato teve os 1000 km de Suzuka retirado do calendário, dando assim a demanda para as equipes locais a inscrever seus carros naquela edição. Um numero considerável de equipes que estavam ativas no JGTC se interessaram pela corrida e inscreveram um ou dois carros na corrida. Vale lembrar que, os 1000 km de Suzuka sequer valiam para o JGTC na época. O campeonato já tinha Suzuka no calendário, mas no formato de 300 km, deixando a corrida tradicional de 1000 km isolada, sem ser parte de nenhum campeonato até 2005.

A edição de 1999 foi vencida no geral por um carro da GT500: um Honda NSX especial da DOME, em parceria com a MUGEN. A partir daquela edição, nascia o brilho da Honda nos trechos de sua própria casa, pois nunca antes na história dos 1000 km de Suzuka a montadora teve um representante vencedor no geral.

Feito repetido no ano seguinte, com mais inscritos que no ano anterior, as primeiras posições foram praticamente as mesmas da do ano passado (o mesmo Honda NSX da DOME em primeiro e uma McLaren do Team Take One em segundo). A corrida teve forte presença de Porsche's 911, dos mais variados tipos, de RSR à GT2, e algumas equipes ativas da Super Taikyu, disputando corrida pela classe "S".
O GT-R inscrito pela NISMO nos 1000 km de Suzuka de 2000
Em 2001, o Toyota Supra era o favorito da temporada do JGTC, mas apenas dois deles oriundos dos galpões das equipes foram inscritos naquela edição dos 1000 km de Suzuka. O favoritismo no campeonato coincidiu com a primeira vitória do modelo na prova de endurance, que foi obtida pelo Supra da CERUMO, com volante de três nomes bastante conhecidos no Japão: Hironori Takeuchi, Shigekazu Wakisaka e Yuji Tachikawa (sendo este o último campeão da GT500, em 2013). Assim como o Honda NSX, o Supra conseguiu sequenciar sua vitória no ano seguinte, dessa vez pelo suporte da ESSO Team LeMans. O Honda NSX (já na geração facelift NA2) voltou a terminar na frente logo nos dois anos seguintes – o mesmo carro, inclusive. A dupla de 2003 foi o japonês Ryo Michigami e o francês Sebastien Philippe, e no ano seguinte Daisuke Ito integrou-se ao time da DOME para disputar a vitória geral na corrida.
A edição de 2005 marcou por ser a última "solta", confirmando os 1000 km de Suzuka de 2006 em diante como parte do calendário das temporadas da SUPER GT até hoje. Isso significa que, todas as outras classes sem ser GT500 e GT300 foram banidas da corrida. Aquela última edição isolada foi vencida pelo Toyota Supra da SARD (foto), já construído nos novos regulamentos da GT500.
O tri-campeão da SUPER GT Ronnie Quintarelli levanta a taça dos 1000 km de Suzuka 2005, ao lado do macaense André Couto e o japonês Hayanari Shimoda
Na edição de 2006, além da integração dos 1000 km de Suzuka como parte da SGT, o campeonato teve como uma das novidades o Lexus SC430, que substituiu o Supra de vez no campeonato. Nesta edição, considerada da atual geração, foi vencida pelo #12 CALSONIC IMPUL Z, guiado por Kazuki Hoshino, Benoit Treluyer e mais um francês: Jéremie Dufour. Outro Z terminou no pódio: o #22 MOTUL AUTECH Z da NISMO, guiado por Michael Krumm, Richard Lyons e o brasileiro Fabio Carbone – a primeira participação do brasileiro no campeonato.

Falando em Brasil, a temporada de 2006 da SUPER GT foi a primeira do piloto brasileiro mais influente no Japão: João Paulo de Oliveira. O brasileiro andou no Nissan Z da Hasemi Motorsport (#3 YellowHat YMS TOMICA Z) e com suporte dos colegas Naoki Yokomizo/Darren Manning, terminou em oitavo geral.

A edição dos 1000 km de Suzuka de 2007, a segunda integrando o campeonato, teve os mesmos inscritos do ano anterior, porém, a vitória ficou com o #1 Houzan TOM'S SC430, um ano depois de estrear no automobilismo. No ano anterior, o Celica levou a corrida da GT300, mas em 2007, foi o ano do Mooncraft Shiden, que por sua vez, teve bastante influência na conquista do título de equipes na GT300 graças a esta corrida. O campeonato passou três vezes por Suzuka naquele ano.

O terceiro ano da SUPER GT nos 1000 km de Suzuka, em 2008, foi completamente dominado pela Nissan nas duas classes. O ano ficou conhecido como "O ano do GT-R", marcando a volta do carro à principal categoria de turismo do país depois de ser substituído em 2004 pelo irmão Nissan Z e, de quebra, o título no campeonato e a primeira vitória na história dos 1000 km de Suzuka. Na ocasião, Tsugio Matsuda/Sebastien Phillipe venceram com o #12 CALSONIC IMPUL GT-R, superando a perda que tiveram nos 300 km de Suzuka, a primeira etapa da SUPER GT naquela ano.
O vencedor da prova de 2008, que bateu no mesmo ano pelos 300 km de Suzuka
2009 seria mais uma temporada daquelas, se não fosse por um fato: era a despedida do Honda NSX da classe GT500. Depois de anos sendo carro de combate da Honda no campeonato, a influência de ter sido um carro descontinuado na produção desde 2005 pesou.

A edição de 2009 acabou quebrando a tradição da corrida. Houve um corte para 700 km apenas, na tentativa de diminuir emissões de poluentes causados pela gasolina. A edição mais curta foi vencida pelo #35 Kraft SC430. O melhor NSX terminou em quarto geral. A ARTA terminou o ano em segundo lugar no ranking de pilotos e de equipes, deixando um honroso feito ao NSX na sua passagem pelo campeonato. Vale ressaltar que o Honda NSX é o recordista entre todos os tipos de carros com vitórias nos 1000 km de Suzuka: 4 no total.
Hoje não se vê mais: desde que foi realizada em poucos 700 e 500 km, a corrida
não pega mais a parte do anoitecer
2009 foi um ano curioso pelo fato de ter previsto a volta de um possível novo NSX para as ruas, não precisando ser meramente abstido das pistas, mas isso acabou não concretizando. O resultado, vocês já sabem: nasceu o HSV-010. E para honrar o nome da Honda em sua própria casa, foi ele quem venceu as duas seguintes edição, de 2010 (também disputada em 700 km), 2011 (disputada em 500 km) e 2013. Em 2012, a corrida voltou a ter 1000 km de duração e a MOLA conquistou o título no mesmo ano com muita influência na vitória em Suzuka, que desde 2006 (excluindo as edições de 2009, 2010 e 2011), quando o campeonato passou a ingressar nos 1000 km, deu pontuação dobrada aos participantes da temporada.
Lista de recordes de vitórias por carros:
Honda NSX - 4 vitórias
Toyota Supra, Nissan GT-R, Nissan Fairlady Z, Honda HSV-010, Porsche 956, Porsche 962 - 3 vitórias
Lexus SC430, McLaren F1 GTR, Mercedes-Benz CLK-GTR(LM), Porsche 906 - 2 vitórias
Lexus RC F, Toyota 2000GT, Toyota 7, Toyota Celica, Toyota 87C, Toyota 91C-V, March 75S, Porsche 935, Porsche 911, BMW M1, Peugeot 905, Nissan R92CP - 1 vitória

Lista de recordes de vitórias por marcas:
Porsche - 11 vitórias
Toyota - 8 vitórias
Honda, Nissan - 7 vitórias
Lexus(Toyota) - 3 vitórias
McLaren, Mercedes-Benz - 2 vitórias
BMW, Peugeot, March, - 1 vitória

Obrigado a todos por terem acompanhado a história dos 1000 km de Suzuka aqui no blog! Se der tudo certo, logo mais estou trazendo a história de mais duas provas classicas do endurance japonês: as 24 Horas de Tokachi e os 1000 km de Fuji!

Parte I - Parte II - Parte III - Parte IV

domingo, 16 de novembro de 2014

Final fantástica em Motegi termina com NISMO, GAINER, Taniguchi e Kataoka campeões apertados em suas classes

Mais uma temporada chegou ao fim... A SUPER GT proporcionou mais uma daquelas que valeu a pena acompanhar detalhe por detalhe, volta por volta e carro por carro. Guardemos o resto dessas palavras para o fim do post, pois estou aqui para falar desta final empolgante em Motegi.

Pela sétima vez na história, a NISMO se tornou campeã na GT500. Uma performance invejável da equipe, que trabalhou duro desde o começo da temporada, que teve altos e baixos assim como todas as concorrentes. Apesar disso, na última corrida da temporada, a dupla Ronnie Quintarelli e Tsugio Matsuda administraram a corrida de forma sossegada, uma vez que partiram da pole position e se distanciaram de uma forma considerável rapidamente, deixando pra traz a MOLA, com seu #46 S Road MOLA GT-R trabalhando para "segurar" o pelotão. 

O #18 Weider Modulo NSX de Naoki Yamamoto proporcionou uma grande batalha pelo segundo lugar contra Masataka Yanagida, do MOLA GT-R, que se estendeu até a troca de pneus. Quando Yamamoto parou para trocar seus pneus e cedeu lugar para Takuya Izawa (que substituiu Frederic Makowiecki nesta corrida, que está a serviço da Porsche Team Manthey no WEC), o piloto se atrapalhou ao tentar ligar o carro, perdendo um bom tempo nos boxes. No entanto, o GT-R #46 sofreu uma stop and go de 10 segundos minutos antes, beneficiando a DOME com seu NSX CONCEPT-GT, mas com a missão de cumprir um dever eminente de ultrapassar o #24 D'station ADVAN GT-R e o #19 WedsSport ADVAN RC F, resultando em um pega daqueles! O resultado final acabou sendo um merecido terceiro lugar e a garantia de Naoki Yamamoto terminar bem na colocação dos pilotos.
O melhor pega da GT500 foi proporcionado por esses três
Apesar do sossego da NISMO, a coisa ficou mais tensa na parte final da corrida, faltando poucas voltas para acabar, a TOM'S já tinha o seu #37 KeePer TOM'S RC F (que partiu da 13ª posição) em terceiro! O #23 MOTUL AUTECH GT-R foi o penúltimo dos GT500 a trocar de pneus e, devido a isso – e ao fato das baixas na corrida, a diferença começou a abaixar quando Juichi Wakisaka (#19 WedsSport RC F) parou para troca. Com o #37 KeePer RC F em segundo, a pontuação subiu para 79 contra 81 da dupla do MOTUL GT-R. Bastava um erro da NISMO para que tudo desse errado.

Mas isso não aconteceu, e de uma forma apertadíssima – provando, mais uma vez, que vencer este campeonato é muito difícil – a NISMO levou os dois títulos na GT500: de pilotos e de equipes. Recorde absoluto de campeonatos na história da equipe, que ano que vem estende seu programa para o endurance, com o "GT-R LM NISMO". 

Titulo brasileiro ficará pra próxima...
Os torcedores, brasileiros ou não, jamais esperavam por este acontecimento. João Paulo de Oliveira praticamente jogou fora sua chance de ser campeão pela primeira vez no campeonato – e de dar à IMPUL uma quebra de jejum que dura 19 anos. Na primeira volta, o brasileiro forçou passagem na 60R (7ª curva) contra James Rossiter, no #36 PETRONAS TOM'S RC F e acabou levando a pior: foi "traseirado" pelo Lexus e entrou de cara na caixa de brita, facilmente parando na penúltima colocação. Para piorar, o carro sofreu um drivethrough penalty e na troca, foi chamado pelos fiscais para uma vistoria, perdendo tempo suficiente para dar adeus as chances de um título, que vai ficar para o ano que vem, ou para as próximas temporadas. O #12 CALSONIC IMPUL GT-R teve um fim esquecível na 13ª colocação, na frente de dois NSX CONCEPT-GT acidentados. Rossiter, apesar do toque, conseguiu levar o carro onde pode e entregou seu carro para Kazuki Nakajima logo após a parada, terminando assim na 10ª posição.
Conquista dupla na GT300. Além da dupla drifter (pelo fato dos dois correrem na D1GP) Nobuteru Taniguchi e Tatsuya Kataoka terem conquistado o título de pilotos, a GAINER saiu vencedora da corrida com Katsuyuki Hiranaka e Bjorn Wirdheim, terminando em empate nos pilotos. Mas a #4 Hatsune Miku Z4 possui duas vitórias contra uma da #11 SLS. Apesar disso, a GAINER conquistou o título de equipes na classe, com uma diferença de um ponto contra a GSR & TeamUKYO!

Não foi uma corrida fácil, especialmente para os drifters da Hatsune Z4, que tiveram que ralar para buscar a SLS e o PRIUS, que largaram na primeira e segunda posição. Por vez a Z4 de Kataoka foi melhor e acabou assumindo a segunda posição, resultando em um pega que durou várias voltas. O pega terminou quando o #30 OGT Panasonic PRIUS resolveu parar para fazer a troca, mas logo a Z4 tinha que escapar de mais um: a outra SLS da GAINER, a #10 Rn-SPORTS. 
Mas a surpresa da corrida acabou sendo o único Audi R8 inscrito no campeonato, pela Hitotsuyama Racing, que tem histórico com a McLaren F1 GTR no passado. Richard Lyons veio "quietinho" na nona posição, beneficiado após as paradas até chegar em quarto e, por fim, perseguir a Hatsune Z4, que tinha acabado de perder a segunda posição para a SLS #10. Quando menos esperasse, o Audi R8 já estava na cola dos dois, formando o trio alemão que disputa rivalidade mundial: Audi, BMW e Mercedes-Benz.

Tatsuya Kataoka acabou superado pelo Audi R8 da Hitotsuyama Racing, mas Nobuteru Taniguchi assumiu seu lugar na troca e conseguiu recuperar a segunda posição, mas de forma muito apertada, uma vez que o Audi R8 estava mais rápido. A experiência e o arrojo de N.O.B. acabou sendo crucial e o piloto deu a si mesmo o bi-campeonato entre os pilotos e o primeiro título de Tatsuya Kataoka no campeonato. A GAINER, com a #11 DIXCEL SLS, leva o título de equipes com gosto, depois de muito esforço nos últimos anos.





RESULTADO - GT500 / GT300
RANKING DE EQUIPES - GT500 / GT300
RANKING DE PILOTOS - GT500 / GT300

Gostaria de agradecer a todos (mesmo sendo poucos) que acompanharam a temporada 2014 da SUPER GT através deste blog. Foi a minha primeira temporada da SGT acompanhando de ponta-a-ponta trazendo todas as informações aos interessados. Não sou profissional da área, e nem quero ser. Faço isso por consideração que tenho a mim e aos leitores que me respeitam. É difícil coincidir data e tempo, mas faço um esforço para traduzir tudo para o publico brasileiro e gostaria de continuar fazendo isso na próxima temporada, desta vez in loco! Lembrando que o blog aborda não só SUPER GT, mas outros contextos do automobilismo japonês! Muitas novidades estão por vir. Espero que continuem acompanhando as postagens da SUPER GT BRASIL, via fan page do Facebook e principalmente aqui. Obrigado a todos! E daqui a pouco tem post novo! :)

sábado, 15 de novembro de 2014

MOTUL GT-R e GAINER SLS largam na pole de suas respectivas classes na final em Motegi

Pole position garantida para o GT-R na etapa final da SUPER GT em Motegi. O Nissan GT-R oficial acabou levando a melhor dessa vez na GT500.

No Q1, após um período de aquecimento e um abandono prematuro, aos 6 minutos e 40 segundos de classificação – provocado pelo ZENT CERUMO RC F de Yuji Tachikawa e Kohei Hirate – a melhor parcial acabou praticamente empatada (!!!) Masataka Yanagida, no #46 S Road MOLA GT-R, estabeleceu um tempo recorde de 1'39.258. Tsugio Matsuda, na mesma volta, acarretou seu #23 e fez o mesmo tempo estabelecido pelo rival, mas não ficou com a pole da sessão.

Porém, no Q2, Ronnie Quintarelli poupou os pneus para conseguir a pole. Naoki Yamamoto, com o #18 Weider Modulo NSX, foi o primeiro a baixar da casa dos 1min38s, mas ao fim da sessão, seu carro foi superado pelo #23 da NISMO, que com Quintarelli ao volante, estabeleceu o tempo recorde de 1'38.258. Em uma performance similar, o #46 S Road não conseguiu repetir o feito no Q1, mas conseguiu a segunda posição com 1'38.592 graças ao trabalho de Satoshi Motoyama. O NSX CONCEPT-GT da DOME fecha o top 3 com 1'38.881.

Situação complicada para a "dupla azul"
J. P. Oliveira tem boas impressões da corrida em si, porém, ele e o companheiro Hironobu Yasuda vão ter que ralar um pouco se quiserem conquistar o tão sonhado título, uma vez que o pole position é justamente um de seus maiores concorrentes na classificação, o #23 MOTUL AUTECH GT-R. Sem falar que, à frente deles, está mais um: o #36 PETRONAS TOM'S RC F, que se chegar na frente do CALSONIC, faz James Rossiter ser campeão isolado na classificação da GT500. A IMPUL larga em quinto no geral.

A classificação da GT300 tem uma larga vantagem dos pilotos da GSR & TeamUKYO, Nobuteru "N.O.B" Taniguchi e Tatsuya Kataoka, com a #4 Hatsune Miku Z4. Mas no qualifying de Motegi, especialmente no Q1, só deu GAINER e suas SLS #10 e #11. A #11 é a principal rival dos líderes da GT300, composta por Katsuyuki Hiranaka e o ex-piloto de testes da Jaguar na Fórmula 1, Bjorn Wirdheim, e foram exatamente eles que colocaram a GAINER DIXCEL SLS no topo nas duas sessões.
Em segundo, no Q2, ficou o híbrido #30 OGT Panasonic PRIUS, da apr, com 1'47.977. Somente ele e a as duas SLS da GAINER estabeleceram tempos recordes em relação aos tempos anteriores obtidos nesta classe. A Hatsune Z4 dos líderes, apesar de não chegar nem perto do tempo da SLS #11, fecha o top 3 e larga com imensa chance de ser campeão pela segunda vez na história.

Resultado final do Qualifying - GT500 / GT300

A corrida acontece hoje por volta de 1h da madrugada, horário de Brasília (uma hora mais cedo para regiões Norte e Nordeste do Brasil). Você poderá acompanhar o stream clicando aqui!

Boa sorte a todos nesta corrida, especialmente ao João Paulo de Oliveira!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

As chances de um brasileiro ser campeão pela primeira vez

Neste fim de semana, teremos uma das etapas mais aguardadas da história da SUPER GT, pois pode ser a primeira vez que João Paulo de Oliveira, piloto brasileiro muito bem representado nas terras nipônicas, pode conquistar seu título no campeonato, no qual participa desde 2006.

Nunca JP esteve tão próximo do título antes neste campeonato. A mais próxima foi em 2012, apesar de aquela ter sido a temporada da MOLA (foi a segunda da história do campeonato a ser decidida antes da última etapa). Na temporada passada, a IMPUL foi uma das equipes mais constantes representando a Nissan e teve chances ao título, no entanto, a chance foi totalmente desperdiçada graças ao insucesso na etapa de Kyushu, em Autopolis, e na própria final, em Motegi, sem direito a terminar com pontos.

Nesta temporada, a IMPUL e especialmente João Paulo de Oliveira e seu companheiro Hironobu Yasuda deram um show ao publico, protagonizando diversas batalhas contra os irmãos da Nissan e os arquirrivais Lexus RC F, com direito a uma vitória, em Fuji, segunda etapa do campeonato esse ano. E uma série de voltas mais rápidas entre os Nissan e diversos pódios.

Será difícil, pois a "dupla azul" de Kazuyoshi Hoshino – que encontra-se em quarto – está à sete pontos do líder absoluto, James Rossiter, que corre na TOM'S ao lado do campeão da SUPER FORMULA, Kazuki Nakajima – no qual, inclusive, não tem chance nenhuma ao título na SGT, pois acabou faltando duas corridas a serviço da Toyota Racing GmbH, responsável pelo programa desportivo no Mundial de Endurance (WEC). Para dificultar ainda mais a vida da "dupla azul", a TOM'S ainda tem Daisuke Ito e Andrea Caldarelli no gatilho, que com o RC F #37, obtem 64 pontos e encontram-se na segunda colocação do ranking. Não muito distante, estão os caras oficiais da NISMO: Tsugio Matsuda e Ronnie Quintarelli. Para fechar, Naoki Yamamoto (Honda/#18 Weider NSX CONCEPT-GT) é outro com chances no título de pilotos, mas um pouco distante dos favoritos.

Se o GT-R da IMPUL conseguir, pelo menos, chegar em primeiro, ou na frente da NISMO entre as quatro primeiras posições e com os membros da TOM'S duas posições (ou mais) abaixo, teremos um capitulo inédito na história do Brasil sendo representado lá fora no automobilismo. Apesar de já ter escrito seu nome há um certo tempo, Oliveira tem ainda mais a chance de escrever no currículo que é um mito brasileiro nas terras nipônicas com um título no campeonato de corrida mais prestigiado do Japão. Um sonho que pode se tornar realidade daqui a dois dias, em Motegi!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Kazuki Nakajima é campeão da SUPER FORMULA 2014

Mais um campeonato chegou ao fim. Desta vez, foi a SUPER FORMULA e graças aos resultados, o japonês Kazuki Nakajima acabou levando a taça de 2014. 

A corrida dupla foi realizada em Suzuka, num clima chuvoso muito similar ao que foi visto naquele fim de semana melancólico da Fórmula 1, que acabou encerrado com o grave acidente de Jules Bianchi. Num processo similar, a primeira corrida do round teve diversas pancadas, a começar por Yuichi Nakayama, traçando o hairpin diretamente, batendo na mureta de pneus. Mais sério que este acidente, foi o de Takashi Kogure, que capotou sua SF14 #32 da Nakajima Racing na 130R. Koki Saga e Yuhki Nakayama foram outros pilotos que abandonaram a race #1.
Claro, a série de acidentes não deixaram o safety car "hibernado" e acabaram provocando sua entrada. Mas nada que afetasse o ótimo desempenho de João Paulo de Oliveira, que com a arrancada mais bela do ano, subiu três posições originais do grid e venceu a corrida. A terceira vitória na temporada do brasileiro.

Ele também acabaria por tirar a diferença de 1 ponto de seu rival, Kazuki, que vinha consigo para a disputa do titulo, ficando na primeira colocação até a realização da race #2.
Na race #2, apesar de ser um pouco mais tranquila em relação a race #1, com menos chuva, J.P. teve certa dificuldade ao tentar repetir o feito na corrida anterior, assegurando de ultrapassagens do campeão de 2013, Naoki Yamamoto, na SF14 da MUGEN. Mas o brasileiro conseguiu terminar em quarto. Em poucas voltas, Kaz Nakajima já abrirá uma diferença de mais de um segundo pro segundo colocado, André Lotterer, que também correu pela TOM'S esse ano.

Numa performance invejável, Kazuki Nakajima, largando da primeira posição, deitou no aquaplanning de Suzuka em mais de oito segundos ao final das 28 voltas completadas e, com uma margem de 6.5 pontos sob Oliviera, conseguiu seu segundo título na carreira pelo campeonato. Oliveira somou apenas 2.5, contra 8 do japonês, impossibilitando sua chance de ser campeão (também) pela segunda vez no campeonato.

A próxima grande corrida a ser abordada no blog é, claro, a final da SUPER GT, que acontece em Motegi e terá uma duração média de 250 km. Há vários pilotos com chances de título e o brasileiro está entre eles. Nos vemos pelo caminho até lá, leitor!

RESULTADO FINAL - Race 1 - Race 2
PONTUAÇÃO - Equipes - Pilotos

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

História dos 1000 km de Suzuka (Parte III) – A vez do turismo: BPR, FIA GT e os nativos

No post anterior vimos a era oitentista de Suzuka: a transição do período do Grupo 5 ao sucessivo Grupo C (com a implementação da corrida no calendário da JSPC), as vitórias do Porsche 956/962 e o triste fim da categoria. Neste post, vou contar o que define exatamente os anos 90 da lendária corrida de 1000 km de duração: sai os belos protótipos feitos para durar nas pistas e entram os gran turismo que podemos ver não só andando nas pistas, mas andando também nas ruas.

Com o Grupo C despachado, restou aos organizadores da corrida anual entregarem o circuito a um calendário de nível internacional – algo que aconteceu em 1992 graças ao fracasso e a decadência das novas regras do Grupo C. Ao meu ver a decisão não era necessária, pois os 1000 km de Suzuka poderiam fazer parte em definitivo do JGTC, mas em 1994, surgiu um dos campeonatos internacionais mais influentes do mundo quando se fala em turismo nos dias de hoje. Falo do BPR Global GT Series, ou BPR Global Endurance GT Series, como preferir, foi elaborado por Stéphane Ratel (que fundará a SRO em 1995), Patrick Peter e Jürgen Barth.

O campeonato traria atrativos como oito corridas espalhadas pelo mundo (incluindo o Japão/Suzuka, o interesse desse post) e carros de corridas baseados nos modelos mais avançados da Ferrari, Porsche, Lotus, Venturi e cia. A maioria era europeu, mas também apareciam americanos como o Callaway Corvette e japoneses como Toyota Supra e Skyline GT-R, especialmente em Suzuka.

A maioria das corridas do primeiro ano do BPR tinham 1000 km de duração, então era ideal que Suzuka fizesse parte da festa. Em 1994, cerca de 39 carros foram previamente inscritos nos 1000 km de Suzuka, com direito até a participação de um velho guerreiro construído no regulamento do Grupo C, o Toyota 94C-V, que chegou em segundo lugar na edição das 24 Horas de Le Mans do mesmo ano. Não me pergunte como ele foi aceito numa categoria de turismo, ele foi o único carro do tipo a participar. O restante era composto por carros da GT1, GT2, GT3, N1 e os pequenos bolhas RS. Suzuka era a penúltima corrida daquela temporada.

Quanto ao resultado, deu Porsche, mais uma vez, mesmo no turismo, um 911 da geração 964 conhecido como Turbo S LM, venceu sob direção de Bob Wollek, Jesús Pareja e Jean-Pierre Jarier... que nomes!

Um resumo da temporada do BPR em '94 (1000 km de Suzuka a partir de 21:50 do vídeo):

  

Em 1995, com mais de 10 corrida no calendário, o BPR teve quase 50 carros participando da corrida de Suzuka, pra você ver como japonês curte correr de carro. Em resumo, com a interessante elaboração do campeonato, o ano seguinte do BPR também teve passagem por Suzuka – e foram completamente dominados pela nova figura do endurance mundial: a McLaren F1 GTR.

O brasileiro Maurizio Sandro Sala foi um dos pilotos do F1 GTR #1 que venceu
os 1000 km de Suzuka em 1995. Note a pintura similar ao do vencedor de
Le Mans no mesmo ano
Depois que a Porsche introduziu o 911 GT1 em 1996 na corrida de Spa e o enorme interesse das principais montadoras em  investir no campeonato, o BPR teve seus dias contados. Já dá pra imaginar o que vem por aí...

Entrava em cena o FIA GT. E os 1000 km de Suzuka foi junto!
A partir de 1997, criou-se uma visão diferente dos novos Grand Touring 1 (GT1). Nesse ano, o interesse no campeonato foi de imediato – entraram em cena a Mercedes, Porsche (de caráter oficial), Panoz, entre outras. Com o conceito já adotado pelo 911 GT1 em 1996, todos os modelos que começaram a competir na principal classe a partir do ano de '97 apresentavam a mesma característica: corpo de protótipo, mas que mesmo assim parecessem ao máximo as versões de rua referentes. A especificação não condiziam em nada com as versões originais, mas cada carro participante da classe (e do campeonato) teve pelo menos 25 versões de rua construídas para ser homologada. A medida por si só não é inovadora, pois em 1994 a Dauer construiu alguns Porsche 962 exclusivos adaptados para andar nas ruas, mas com propósito de vencer especialmente as 24 Horas de Le Mans – dito e feito.

A corrida de 1997 dos 1000 km de Suzuka foi completamente dominada pela Mercedes-Benz CLK-GTR.


Recomendo assistir todas as partes!

Em 1998, apareceu uma segunda variante da já campeã CLK-GTR no ano anterior: a CLK-LM. Com esta nova versão, não foi diferente: as duas melhores qualificadas partiram da posição 1-2 (as antigas CLK-GTR largaram na 4-5) e sequer deram chances aos rivais, como o belíssimo Porsche 911 GT1-98.
CLK-LM vencedora da edição de 1998
Sim, o canguru (leia-se Mark Webber) esteve no carro vencedor!

E você acha que só o pessoal do FIA GT apareceu pra correr? Não. Pela primeira vez, alguns carros que estavam competindo a tempo inteiro no JGTC na época optaram por inscrever seus carros na corrida, como foi o caso do Honda NSX #100 do Team Kunimitsu (que infelizmente abandonou), o Nissan Silvia S14 do Team Daishin e o Toyota Supra da SARD especialmente preparado para esta corrida, com o numeral #139, entre outros.

Como a Mercedes tinha sido campeã definitiva do FIA GT em 1997 e 1998, as outras equipes desinteressaram no campeonato e retiraram seu programa de desenvolvimento. Além da categoria GT1 sofrer mudanças drásticas pelas mãos da ACO (organizadora das 24h de Le Mans) e da FIA, devido a influência dos esporte-protótipos e o altíssimo custo de desenvolvimento.

O ano de 1998 foi o último do FIA GT em Suzuka.
Mas a tradicional corrida de 1000 km não tinha como ficar órfão de evento, então no ano seguinte, foram aceitos os carros do JGTC em definitivo, mas a corrida não fazia parte do calendário oficial do campeonato.

Isso é assunto para a parte IV, que virá nos próximos dias!

domingo, 5 de outubro de 2014

Nissan GT-R de JP faz corrida perfeita, mas Lexus RC F da TOM'S vence na Tailândia

Bom dia a todos. Mesclei a madrugada entre a Fórmula 1 e a nossa SUPER GT dessa vez. Apesar do ocorrido na categoria máxima, tivemos uma boa corrida e uma ótima estreia do Buriram (Chang) Circuit no principal campeonato de turismo do Japão, disputados em torno de 300 km (66 voltas) e com muitas disputas para testemunhar.

O Lexus RC F tirou a chance da Nissan em fechar a corrida no top 3. Dos quatro modelos partindo lá de trás, após o stint tardio da primeira parada nos boxes, se deu melhor o #37 KeePer TOM'S RC F, de Andrea Caldarelli/Daisuke Ito, saltando do meio do grid para primeiro na GT500, porém, ao decorrer da prova, foi superado pelo irmão #36 PETRONAS TOM'S RC F, de Kazuki Nakajima e James Rossiter, que acabaram vencedores da primeira corrida da SUPER GT na Tailândia. 

Com um desempenho invejável, os Nissan GT-R se esforçaram até onde deu. O #24 D'station ADVAN GT-R, da equipe de Masahiko Kondo, após uma bela perseguição pelo primeiro lugar com o #46 S Road MOLA e mais tarde uma travada batalha pela melhor colocação após o stint da troca de pneus e abastecimento com o #23 MOTUL AUTECH, foi o melhor classificado e conseguiu chegar na sua posição original, em segundo. "Nós fechamos em segundo lugar graças ao grande desempenho de Daiki Sasaki. Se tivesse mais 2 voltas para acabar a corrida, com toda certeza nós venceríamos", comentou Michael Krumm no Twitter, em resposta a o desempenho do GT-R #24, que ficou à menos de 2 segundos do Lexus RC F vencedor.
João Paulo de Oliveira e seu companheiro de equipe, Hironobu Yasuda, não vão esquecer desta corrida tão cedo. Os pilotos da IMPUL largaram na distante 10ª posição e após um toque, foram parar na 15ª, mas, com o ótimo trabalho dos dois (em especial ao arrojo de JP Oliveira, admirado também pelos comentaristas da J Sports durante a transmissão), fez com que o #12 CALSONIC IMPUL GT-R fizesse a melhor recuperação de todos os GT-R GT500 presentes na corrida. Bom terceiro lugar para eles.

Quem ficou devendo expectativas na corrida, obviamente, foram os outros dois GT-R: o da NISMO e o da MOLA. O que aconteceu com os dois? Bem... o pole position (#46 S Road MOLA), estava invicto na primeira colocação da classe, mas após a parada nos pits, foi pegue no gatilho pelos dois Lexus RC F da TOM'S. Um erro cometido por Masataka Yanagida em um trecho do circuito fez com que o assoalho do carro fosse danificado, forçando o carro a abandonar a corrida e por fim a uma grande chance de vitória. O GT-R da NISMO, pilotado por Ronnie Quintarelli e Tsugio Matsuda, antes do resultado final eram líderes no campeonato, mas foi duramente prejudicado com um drivethrough penalty, aplicado após o mesmo ter cometido uma rodada evitável com a #11 GAINER SLS da GT300. O MOTUL AUTECH GT-R terminou em 10°.

PÉSSIMO FIM DE CORRIDA DOS HONDA NSX CONCEPT-GT
Diferente do que vinha acontecendo nas três últimas corridas, infelizmente, os Honda NSX CONCEPT-GT não se saíram bem na prova e foram completamente nocauteados pela Nissan e Lexus. O #32 Epson NSX foi prejudicado após ter escapado da pista devido a falta de espaço. O #17 KEIHIN NSX foi o próximo, prejudicado com avarias por outro NSX (#100 RAYBRIG) quando disputava o sexto lugar com o #19 Wedssport RC F e #18 Weider NSX. De início de prova, o melhor foi o ARTA, mas acabou sofrendo um furo de pneu traseiro-esquerdo que acabou avariando o carro, acabando com as chances de pódio. Dois abandonos e a melhor colocação é do NSX da DOME, quinto lugar.
Enquanto que na GT300, após uma ótima consistência da NDDP, de Masahiro Hasemi, conseguiu vencer a prova tailandesa com seu GT-R GT3, que fora comandado pela tailandesa i-Mobile AAS, que foi de Porsche 911 GT3R, mas terminou no fundo do grid. Lucas Ordonez conseguiu levar o GT-R GT3 #3 a vitória, a primeira de sua carreira na SUPER GT. Parte de um sonho realizado de um cara que há pouquíssimo tempo atrás, era como nós, amantes do simulador Gran Turismo, apenas um mero estudante e jogador virtual. Ele agradece especialmente a Nissan e a equipe pela oportunidade.

As duas BMW mais bem colocadas da GT300 terminaram respectivamente em segundo e terceiro lugar. A Studie Z4 de Seiji Ara e Jorg Muller ficou a apenas 700 centésimos do #3 B-MAX GT-R GT3. Enquanto que a #4 Hatsune Miku Z4 de Nobuteru "N.O.B." Taniguchi e Tatsuya Kataoka terminou em terceiro, ampliando ainda mais sua liderança no ranking de pilotos e equipes.

O primeiro Toyota M101-86 a correr na SUPER GT (chamado de #194 arto-MC86) não teve uma boa estreia. O novo carro da equipe local, de suporte da Toyota, ficou apenas em 19° lugar. Seu irmão, cujo compartilha plataforma nas ruas (leia-se SUBARU BRZ R&D SPORT), terminou numa modesta sétima colocação.
Com os resultados dessa prova, a GT500 possui um novo líder no ranking de pilotos: James Rossiter, sozinho devido ao seu companheiro Kazuki Nakajima assumir compromissos com a Toyota Racing no WEC, uma vez que uma prova do campeonato pegava o mesmo dia de uma prova da SGT, está com 67 pontos. Como o outro RC F da TOM'S terminou em quarto, Andrea Caldarelli e Daisuke Ito continuam na segunda colocação com 64. A NISMO cai pra terceiro com 61 e a turma da IMPUL fecha em quarto com 60 pontos. Portanto, João Paulo de Oliveira tem nas mãos a chance de dar ao Brasil, pela primeira vez, um título no campeonato de turismo japonês mais conhecido do mundo.

Os pilotos do campeonato também estão demonstrando apoio a Jules Bianchi, que ofuscou o resultado do GP de Suzuka da Fórmula 1 e deixa a comunidade automobilistica preocupada com sua situação. Informações constam que ele está sendo operado. Em nome da SUPER GT BRASIL, dou meus votos (maldita eleição presidencial) ao francês da Marussia se recuperar o mais rápido possível. Just keep fighting, você ainda é novo.

RANKING DE PILOTOS - GT500 - GT300
RANKING DE EQUIPES - GT500 - GT300

sábado, 4 de outubro de 2014

GT-R faz top 3 no qualifying da Tailândia e equipe local é pole na GT300

Pela primeira vez na história, a SUPER GT pôs os pés na Tailândia, a nova casa estrangeira do campeonato que substituiu a Malásia esse ano. Depois dos diversos testes e treinos livres, a decisão pelo qualifying ficou nas mãos de três dos quatro GT-R inscritos na GT500. Satoshi Motoyama, em uma ótima performance, foi o autor da melhor volta que coloca o #46 S Road MOLA GT-R na pole position.

Durante o Q1, os Lexus RC F abriram as melhores parciais em 1'28, mas, rapidamente os GT-R's conseguem obter a média de 1'25 e não foram superados por nenhum outro modelo. A exceção da IMPUL, onde corre o brasileiro João Paulo de Oliveira. O azulão, que (in)felizmente é o carro mais pesado do grid, conseguiu um bom tempo em 1'25.809, mas foi superado por alguns Honda NSX CONCEPT-GT e Lexus RC F, sem chances de ir para o Q2 tentar classificar o carro perto dos irmãos. O autor da melhor parcial no Q1 acabou sendo o #24 D'station ADVAN GT-R, no qual é pilotado pelo novato Daiki Sasaki e pelo veterano Michael Krumm.

Mas, no Q2, a performance foi completamente administrada por Motoyama, uma lenda viva e ativa do automobilismo japonês, que ao fim da sessão, deixou registrado 1'24.704. O D'station, não muito distante, fechou com 1'24.739, sendo seguido pelo GT-R oficial da NISMO, o MOTUL AUTECH #23, que com Ronnie Quintarelli ao volante, marcou 1'24.974 e fechou o qualifying com 1-2-3 dos GT-R. "A Nissan não deve estar nada feliz, magina..."
Para a surpresa do campeonato, a equipe tailandesa i-mobile AAS, que inscreveu um Porsche 911 GT3R #99 nesta corrida, marcou a melhor parcial da GT300: 1'33.507, obtido no Q2 por Alexandre Imperatori, um italiano bastante ativo no automobilismo japonês e que figurou diversas vezes como piloto da SUPER GT no passado. Nenhum carro conseguiu a marca dos 1'33. O mais próximo, claro, foi o GT-R da NDDP, onde corre o vencedor do primeiro GT Academy, Lucas Ordonez – e foi ele quem obteve a parcial de 1'34.268, deixando o GT-R GT3 #3 em segundo lugar no grid. E muito bem na fita, está a BMW Z4 GT3, que além de ser líder da GT300 pela GSR with Team UKYO, está em terceiro lugar no ranking com a BMW Sports Team Studie, e a #7 Studie Z4 foi o terceiro melhor carro classificado da GT300 para esta corrida. Os dois CR-Z GT fecham os cinco melhores.
Yanagida e Motoyama, os poles da primeira corrida em Buriram
A corrida tem previsão de acontecer por volta das 5h da madrugada (horário de Brasília). É um bom horário para quem quer acompanhar a Fórmula 1, que está no Japão para o GP de Suzuka e tem previsão para acontecer por volta das 3h da madrugada, mas com probabilidade de acontecer mais cedo devido ao tufão Phanfone, que está se aproximando da região.

Para assistir a etapa da SUPER GT na Tailândia, basta clicar aqui

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Fotos e um onboard da próxima etapa da SUPER GT 2014: Buriram International Circuit!

Em agosto de 2013, a GT Association anunciou que a SUPER GT, em 2014, deixaria de ter no calendário oficial uma de suas principais corridas: a da Malásia, em Sepang, para dar lugar a outro local da Ásia. O país escolhido foi a Tailândia, que no mesmo ano estava construindo seu novo parque automobilístico: o Buriram United International Circuit (ou Chang International Circuit). 

Desde a temporada de 2000, quando ainda se chamava JGTC, o campeonato deixou de realizar corridas apenas no Japão e vinha programado com corridas na Malásia. Em 2004, uma prova extra campeonato foi realizado no California Speedway, nos EUA. A Coreia do Sul chegou a ser cogitada como palco do campeonato a partir de 2014, mas não deu certo. Logo, a Tailândia passa a ser, a partir de agora, o quarto país do mundo a entrar como parte de uma temporada da SUPER GT na história.

Abaixo, uma galeria básica em volta do que vem acontecendo nesse circuito recém-nascido, que tem corrida programada neste sábado!
A entrada do novo circuito tailandês
Toda a preparação do paddock para a corrida no domingo tailandês
Vista da da reta principal. Nota-se que a arquibancada coincide com o pit lane, algo não-tradicional nos outros circuitos mundo afora
Pit lane com as equipes em suas garagens
Mais uma da reta principal, dessa vez mostrando o start line
Perna que antecede o traçado do pit lane
Terceiro setor da pista, com uma reta que logo antecede a principal
Pela primeira vez, o novo Toyota 86 (M101-86, projetado pela DOME e com suporte da TRD), que possui elementos acerca de uma nova categoria para a classe GT300 já no próximo ano, correrá a etapa tailandesa através da equipe Toyota Team Thailand. O carro deles será chamado de arto-MC86
Outra equipe que cai de paraquedas na SUPER GT é a i-mobile AAS, com seu Porsche 911 GT3R. Talvez inscritos apenas para esta etapa
DIJON a todo vapor na Tailândia com seu GT-R #48 decorado na belíssima pintura da pioneira marca de ferramentas Snap-on
Porsche Team KTR em treinamento nos boxes com seu PUMA KRH 911 GT3R
SINTYUM McLaren 12C GT3 da Cars Tokai Dream28
O descanso dos irmãos: ARTA CR-Z GT e NSX-CONCEPT GT
Dividindo a garagem com a Studie Z4 (pilotada por Farfus em Suzuka há três semanas atrás), a Hatsune Miku Z4 é líder do campeonato de pilotos com N.O.B Taniguchi e Tatsuya Kataoka e também ocupa a primeira colocação nas equipes
Na cola da Hatsune Z4, estão Katsuyuki Hiranaka e Bjorn Wirdheim, com a SLS #11 da GAINER, descalçada na garagem recebendo ventilação
Os três carros da apr estarão lá, e um deles é o #30 IWASAKI GT-R GT3, protagonista do acidente mais assustador da temporada, em Autopolis (Round 3)
Safety Car fazendo uma tour pelo circuito no período de tarde
Entrada do circuito na transação tarde-noite
É hora de descansar...
A nova estrela do campeonato, o Toyota M101-86, sendo ventilado no período noturno das atividades


"É um novo circuito e eu acho que vai ser desafiador para todos se acostumarem em um curto período de tempo. Eu gosto de dirigir em novos circuitos sempre, por isso estou muito ansioso pela corrida. E acredito que dessa vez os pneus serão o ponto forte para a performance aqui. Acho que aqui é bastante quente e isso não é bom para os pneus. Eu espero conseguir um ótimo resultado aqui e conseguir uma ótima posição para conseguir disputar o título em Motegi" - João Paulo de Oliveira