Você já deve ter ouvido falar de Tetsuya Ota em algum tempo remoto do seu cotidiano internético. Esse cara é a prova de um incrível caso de sobrevivência ocorrido no dia 3 de maio do distante ano de 1998, no que seria a segunda etapa do JGTC (All Japan Grand Touring Car Championship) daquele ano, em Fuji, que acabou em consequências graves.
Há 16 anos atrás, o Fuji Speedway ainda era aquele percurso limpo de 12 curvas. Sempre foi tradição da região ser tipicamente chuvosa até em tempos bem desagradáveis para a ocasião, e foi o que aconteceu naquele triste 3 de maio, que marcará a vida do Mr. Ota para sempre.
Ota estreou no automobilismo no início dos anos 80, fazendo algumas passagens pela F-3000 japonesa com a Checker Motors (originalmente uma importadora de modelos da Fiat e Alfa Romeo), pela JSPC (All Japan Sports Prototype Championship) com a Mazda e, mais notavelmente, pelas 24 Horas de Le Mans entre 1993 e 1996 por times corsários da Ferrari. Já deu pra ver que a carreira desse piloto começou em uma forte relação com carros da Fiat S.p.A..
Ele entrou no JGTC em 1994, vencendo, inclusive a última etapa daquela temporada, com uma Ferrari F40, e as duas da All-Stars de 1996. Essas últimas pela GT300, no modelo que marcará seu acidente: a Ferrari F355GT.
A corrida de Fuji começou sob forte controle do safety car e uma segura volta de apresentação. Até aí tudo bem, mas o carro daria duas voltas por segurança e a partir do momento em que foi registrado que o safety car estava a cerca de 150 km/h na reta num circuito completamente tomado pela chuva, já deu pra imaginar o que poderia acontecer de ruim, né?
E infelizmente aconteceu. Primeiro, o Porsche 911 da 910 RACING, impulsionado por Tomohiko Sunako, acertou em cheio a traseira de outro Porsche, com Kaoru Hoshino a bordo, indo diretamente para a grama lateral. A BMW M3 de Yasushi Hitotsuyama conseguiu se esquivar da dupla, indo para a grama também. Hora de bandeira amarela, portanto.
Mas mal sabia Hoshino que ele seria alvo de um catastrófico acidente ocasionado pela aquaplanagem da F355 de Tetsuya Ota. O impacto foi tão forte que causou um fogaréu naquela área da pista, assustando os mais de 45 mil expectadores e causando tensão no local.
Depois que você se impressionar com o impacto causado pela Ferrari, observe, também, a manifestação no local. Alguns pilotos simplesmente ignoraram o acidente e esquivaram. Mas, Shinichi Yamaji, que na ocasião pilotava o RX-7 da RE-Amemiya, fez questão de parar seu rotary para ajudar Ota, que estava sendo queimado vivo.
Enquanto Ota estava sendo socorrido gentilmente por um dos pilotos, Kaoru, com a perna quebrada, foi visto como "prioridade" no acidente e foi rapidamente socorrido pelos marshals, enquanto que Tetsuya permaneceu dentro do fogaréu por mais de um minuto (!), sendo socorrido bem depois pelos marshals e não foi submetido a um atendimento adequado, sendo então levado por uma minivan da organização, ao invés de uma ambulância de plantão. E, claro, a corrida foi cancelada por isso.
O capacete de Tetsuya Ota após o acidente. Observe o estado da viseira. |
Tetsuya Ota sobreviveu, mas leva consigo cicatrizes daquele dia. Foram queimaduras de terceiro grau no rosto e pescoço – com direito a uma reconstrução do nariz – e outras queimaduras por toda parte de seu corpo. Após sua recuperação, não demorou para que ele processasse os organizadores daquela corrida, a JAF (Japan Federation Automobilie), a organizadora do JGTC, a GT Association, entre outros.
Em novembro de 1999, Ota entrou em uma ação na justiça pedindo indenização de cerca de ¥ 290.000.000 (cerca de 2.5 milhões de dólares) pela incapacitação dos organizadores em tomar medidas de melhor segurança. Em 2003, Ota ganhou a causa e os organizadores foram considerados culpados de "mal atendimento por parte dos marshals, considerando que eles deveriam tirar Tetsuya de lá no máximo em 30 segundos", sendo sujeitos a pagar ao piloto uma quantia de ¥ 90.000.000 (cerca de 800 mil dólares).
Logo depois, um documentário especialmente contando sobre aquele dia foi lançado em 2003. Intitulado "クラッシュ", em inglês, "Crash". Ota desde então começou a aparecer em programas automobilísticos e tornou-se um dos exemplos de superação a ser seguido.
Em novembro de 1999, Ota entrou em uma ação na justiça pedindo indenização de cerca de ¥ 290.000.000 (cerca de 2.5 milhões de dólares) pela incapacitação dos organizadores em tomar medidas de melhor segurança. Em 2003, Ota ganhou a causa e os organizadores foram considerados culpados de "mal atendimento por parte dos marshals, considerando que eles deveriam tirar Tetsuya de lá no máximo em 30 segundos", sendo sujeitos a pagar ao piloto uma quantia de ¥ 90.000.000 (cerca de 800 mil dólares).
Logo depois, um documentário especialmente contando sobre aquele dia foi lançado em 2003. Intitulado "クラッシュ", em inglês, "Crash". Ota desde então começou a aparecer em programas automobilísticos e tornou-se um dos exemplos de superação a ser seguido.
O acidente de Tetsuya é o caso mais controverso da história do JGTC e também, até hoje, da SUPER GT, sem falar que está listado como um dos acidentes mais impressionantes do mundo. Mas por mais que tenha sido assustador, não houveram mortes, ainda bem.
Hoje, Tetsuya Ota é dono da TEZZO, uma tuner automotiva especializada em preparação de Alfa Romeo, mas que também mexe em Fiat e Ferrari. E ele até que vai bem nos negócios...
É a primeira vez que leio e vejo este a acidente,não vejo um acidente tão impressionante desde aquele que aconteceu nas Le Mans de 1955,o que mais impressionou e me deixou indignado foi a total desorganização no circuito,o vídeo em si já mostra....é agonizante você vê um piloto que acabara de literalmente ser torrado se contorcendo de dor na pista,e o pior é que ninguém encostou pra ajudá-lo e quando chega ajuda ainda o ''jogaram'' de qualquer jeito numa VAN e levaram embora.O único herói nisso tudo foi realmente Shinichi Yamaji.
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