Alguns dos leitores podem não saber, mas além de manter este blog a serviço do esporte a motor nipônico, mantenho também um grupo de automobilismo virtual, a
GRAN TURISMO STAGE. Inclusive, está na hoste como parceira daqui da SUPER GT BRASIL. Há pouco mais de uma semana, lá no grupo, foi encerrado o
SUPER GTS, como se não bastasse, o campeonato online baseado na nossa querida SUPER GT real. Irei resumir meu desempenho neste campeonato, que também foi inteiramente organizado por mim.
Jogo Gran Turismo desde 1998 (ou 1999, eu não lembro exatamente) e sobrevivi até aqui, passando por cada jogo em série da franquia e cair de paraquedas no automobilismo virtual em meados de 2011, no GT5. Antes disso, nunca pratiquei a modalidade. Seria o início de uma grande jornada de diversão e assiduidade como piloto virtual. Em números, não lembro de quantos campeonatos participei, mas foram muitos. Como organizador (e piloto), fiz ao menos três eventos isolados e dois campeonatos, sempre dependentes do modo online e, todos pela GTS.
Programei o SUPER GTS mais ou menos no fim do ano passado para realizá-lo nos primeiros meses de 2014, pelo Gran Turismo 6. O projeto em si não tinha muitos segredos: foi tudo baseado na SUPER GT, desde o modo de campeonato, classificação, pistas, carros selecionados e até equipes – ao menos a minha (baseada na ARTA). Um verdadeiro livro de regras perfeito para o grupo. Admito eu que pintou um pouco de "patriotada", pelo fato de ser um dos meus campeonatos favoritos. Por minha parte, já estava sendo necessário fazer algo no grupo baseado nisso.
Por causa de uma incompetência deixada pelos programadores da Polyphony Digital, tive que atrasar o lançamento do campeonato e, em partes, seu desenvolvimento – com falhas, inclusive. Tendo a primeira etapa (chamado oficialmente de Round1) sendo realizada apenas no dia 31 de maio. Um atraso de quase dois, três meses, mas não podia reclamar mais. Foi uma falha da programação do game que causou esse atraso.
Equipe semi-pronta. Entusiasmado com o campeonato, fui direto na GT500, de longe a minha classe favorita. Caí em cima do carro mais novo da lista, o HSV-010 e preparei-o para que correspondesse minhas expectativas, porque previ que fosse o favorito de muita gente "boa de braço". "Esse carro, nas mãos de quem entende, vira um foguete." Faltava definir quem seria o piloto escalado para a classe GT300 até que decidi continuar fornecendo parcerias com meu já companheiro desde o ano passado na NAG-R, Júlio Molchan. Equipe pronta. A cor escolhida para o meu carro, a principio, foi o rosa.
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A minha caranga, o #3 NAG-R HSV-010 |
No pre-season em Silverstone, fui nocauteado por duas concorrências: um outro HSV e um SC430. Fui perguntado se estava escondendo o jogo, visto que não sou acostumado a ficar pra trás (sem achismos), mas realmente, não conseguir fazer nada além de modestos 1'54.036, contra os 1'53.x que sequencialmente viraram... Preocupação à vista.
Na semana da primeira corrida do campeonato, em Autumn Ring, resolvi trabalhar duro no carro. Por haver pouca concorrência nos treinos livres, não sabia se estava sendo mais rápido ou mais lento. No fim, apesar de ter feito alguns setups, recorri ao meu companheiro Júlio, que possui um ótimo toque de acerto em alguns carros, e avisei que estaria usando seu acerto compartilhado durante os testes até que eu encontrasse algo melhor das minhas próprias mãos. Não deu tempo e resolvi treinar (e correr) com o setup de RX-7 no meu carro. Foi uma ótima estreia acompanhada de vitória, apesar de ninguém ter incrustado o primeiro lugar comigo em nenhum momento da corrida. 30kg adicionais para a próxima!
Não podia reclamar tanto pelo fato de ter estreado com vitória, já conquistando o meu lugar no ranking, logo, restou-me a continuar trabalhando no carro pra corrida seguinte, em Fuji. Mudei algumas coisas no carro em relação a configuração usada em Autumn Ring. Não lembro do que saiu no fim, mas o acerto não ficou bom e isso acabou com as minhas expectativas de vitória sequencial. Cheguei a botar culpa no lastro... Pode ter sido ele mesmo, mas não sei exatamente. Algo a mais no setup estava estranho. Apesar de largar em sexto (por não ter comparecido ao qualifying) e ter terminado em segundo em favor dos erros da concorrência, foi uma das minhas piores performances desde o famoso "THE SIX" em Suzuka, uma das etapas memoráveis do Gr.AGTRC, e da minha pífia participação no SpeedWagon Challenge 2 em Laguna Seca. Meu companheiro de equipe, Júlio, para esta corrida em diante mudou de um barulhento RX-7 para um modesto carrinho de motor em posição central: o Garaiya – opção minha, inclusive, se fosse eu o driver da GT300.
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O meu #3 NAG-R HSV-010 em Le Mans, pouco depois do amanhecer |
Continuei a liderar o ranking. No entanto, por causa da punição que levei por ter traçado do start line a uma posição a frente (por culpa do ritmo acelerado dos primeiros colocados, que estavam se distanciando demasiadamente), cortaram 2 pontos de mim. Era sinal de preocupação, pois, isso acabou me colocando em empate com Junior Tavares, o famoso "JR", vencedor desta etapa (ele também foi punido, mas de outra forma). Era hora de olhar pra frente e se preparar para a corrida mais importante da temporada: o GTS All Stars III, válido para o Round3 do SUPER GTS, em Le Mans.
Pouco treinei e mudei algo no carro. Ressalvo a configuração aerodinâmica para a pista, que deixei bastante negativa, o que não sou acostumado a fazer em nenhum local. Como o nível demonstrado pela concorrência no Fuji Speedway superou minhas expectativas, estaria satisfeito com um pódio. Foi um fim de semana bem agitado: atrasos, falhas, cancelamentos... Ao menos adquiri o terceiro melhor tempo, segundo no starting grid, porque, de forma incomum, o pole position não largou na corrida por problemas de entrosamento.
Já na primeira parte, fui protagonista de um erro pobre, que me fez despencar pra – se não me engano – penúltima colocação na minha classe. Mas, nada que uma boa perseguição resolvesse me colocar no top 3 de novo. Foi uma das corridas com mais trocas de posições na primeira parte. Algo incomum se parar pra pensar, porque alguns concorrentes ainda não são providos de habilidade e são, em sua maioria, superado por seus próprios carros. Mas, cada um teve certa chance de fazer uma briga boa pelas primeiras colocações. É meu momento favorito da corrida.
Pela volta 7, começou a chover, e a estratégia acabou sendo crucial. Fui para os boxes por último, achando que ganharia vantagem por um tempo de slick. Belo engano, e fui ultrapassado rapidamente por Otto Wilson, de GT-R, quando fui fazer meu stint. Mas não durou por muito tempo, pois ele acabou caindo e entregou na minha mão a primeira colocação.
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ÓÓÓÓ o spray!!! |
Não era hora de comemorar ainda, eu tinha que correr o máximo para que JR e Gabriel não me buscasse. Por pura sorte e acerto de estratégia, acabei ganhando essa e escrevi meu nome na lista dos winners por ser o segundo felizardo da história a vencer um GTS All Stars, a série de endurances isoladas mais importante da GTS. De quebra, esta etapa válida dentro do SUPER GTS nos rendeu uma pontuação dobrada. Felicidade total: líder com 36 pontos, contra os 28 de JR. Júlio não correu aqui. Tive que recorrer ao membro reserva da NAG-R, Alexandre Sombra, que só fez a classificatória, me recorrendo a chamar outro substituto: Julio Morosky. Como ele não havia lido o regulamento, utilizou turbo no carro, o que era proibido. Ele não foi desclassificado, mas por esse fato, a minha equipe acabou perdendo o posto de líder do campeonato pra FURLAN PERFORMANCE RACING e despencou numa diferença de 10 pontos para os "militares".
Mesmo com a vitória abençoada em Le Mans, estava descrente com o que pude fazer em Suzuka. O meu carro era o mais pesado do campeonato por enquanto e tive que por a mão na massa pra ver se rendia ao menos um pódio, pois a concorrência para a quarta rodada era alarmante. Uma disputa acirradíssima no qualifying me deixou na modesta quinta colocação. Larguei em quarto na corrida por causa de uma baixa, coisa similar o que aconteceu em Le Mans. E rapidamente, Otto Wilson, que era um dos favoritos, teve um abandono pra lá de prematuro e deixou na mão a corrida pros HSV. Claro, o meu ficou pra trás e a corrida foi decidida no tapa entre JR e Gabriel.
Apesar de ter tido um dia bastante agitado, não tive ânimo pra descansar. Isso acabou comprometendo meu desempenho na corrida, que já era ruim pelo alto peso do meu carro, protagonizei vááárias escapas de pista, sempre acompanhadas por despercebíveis olhos fechados despencados para uma soneca. Sem falar na sensação de tontura, sentida em vários momentos da corrida. Fiquei mais feliz pelo fato de ter terminado a corrida do que pela posição final. Não tente dormir pouco no dia anterior!
A próxima era Apricot Hill, um circuito de volta as suas origens (e perfeito para o campeonato). Possui alguns elementos similares ao de Suzuka, como o hairpin, esses, e a chicane, que simula o Casio Triangle do circuito nipônico. Para esta corrida, fui contatado especialmente pelo meu companheiro na ajuda do desenvolvimento do acerto do meu Honda HSV-010. Testamos o carro e adquiri o acerto para testes particulares. No entanto, acabei por modificá-lo inteiramente (a exceção dos freios) por não corresponder minhas expectativas. Deu certo, e acabei virando quase dois segundos mais baixo, mas não menos que o incansável JR, o "best lap man" do campeonato.
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NAG-R machines |
Compensei o desempenho maluco que tive em Suzuka e fiz uma boa corrida em Apricot. Uma ótima batalha contra o Honda HSV de JR até o fim da corrida, que terminou comigo vitorioso. Ainda sou líder no campeonato, com 52 pontos.
Para Spa, nada mudei além da aerodinâmica e um pequeno
update na suspensão simplesmente por se tratar de um circuito médio. O meu maior problema aqui seria os GT-R, especialmente o de Otto, que demonstra força em circuitos de alta e medianos. Desde Le Mans, nunca houve tanta batalha pelo primeiro lugar entre os quatro favoritos. Gabriel saiu em vantagem do erro de JR, logo após errar novamente. Lidero e sou ultrapassado pelo GT-R preto da F&C TOTALSPORT RACING com consistência. E ainda me aparece o JR inquieto. Essa batalha, centralizada entre nós três, se estendeu até depois da troca de pneus. E protagonizamos um dos momentos mais inusitados do campeonato: JR, prestes a vencer pela segunda vez, esquece de um fator importantíssimo para continuar batalhando com segurança, a gasolina – que faltou para ele no último setor da última volta, despencando pra terceiro lugar e entregando a vitória nas mãos de Otto Wilson e eu. Quem sairia vencedor?
Pois bem. Nos metros finais, na última curva, numa espécie de "drag 100m", tracionou melhor o GT-R e acabei de ser um dos responsáveis de uma das maiores façanhas já feitas em corridas online. 457 milésimos me separaram do GT-R de Otto depois de uma corrida de quase 1 hora. Grande parte dos pilotos consideram Suzuka a melhor das corridas, mas minha opinião fica dividida entre ela e Spa. Corrida sensacional que tive orgulho de participar!
As chances de ser campeão já estavam nas mãos, mas não podia comemorar até que fosse realizado a sétima e última corrida da temporada 2014 da SUPER GTS. O título se aproximou ainda mais quando JR confirmou que não iria correr na corrida em Motegi. Só bastava eu terminar a corrida para que fosse declarado campeão da GT500.
E foi o que aconteceu. Tive uma boa batalha pelo primeiro lugar com o Gabriel Vieira, mas não foi o suficiente para me superar e acabei terminando com uma diferença de 15 segundos do segundo lugar. E é porque fiz duas paradas – único a fazer isso durante a corrida. Campeão da GT500 com exatos 70 pontos.
Depois disso, teve o
ROAD FOR DAYTONA, mas que não considero na minha programação como piloto, porque sequer participei da corrida e ela não valia nada pro campeonato, já terminado e com meu nome feito na GTS. Já fui campeão no grupo, mas, atentando aos fatos, nunca acompanhado de vitórias. Então, estou mais que feliz e orgulhoso por ter sido campeão do meu próprio campeonato.
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Campeões parabenizando campeões |
Apesar da minha tamanha felicidade com o título, dentro da minha própria equipe, entre a sexta e sétima etapa houve uma desavença pessoal entre mim e o meu companheiro, Júlio, que me acusou (in)diretamente da má formulação das especificações dos carros da GT300 em algumas corridas – o que, na verdade, é um erro absolutamente reconhecido por mim, mas também fui desconsiderado por ter tido no campeonato um carro nas palavras do próprio, "desregulado", simplesmente por ter sido piloto de um chassi vencedor de seis das sete corridas válidas e "por ter ganhado título no colo", sendo que não tive culpa sequer dos incidentes e abandonos causados pela concorrência. Um outro fato que posso muito bem desmentir é de que "fui campeão com setup compartilhado". Não nego que usei o setup do meu companheiro na primeira corrida (você leu isso lá em cima), mas depois disso, incluindo a parceria bem trabalhada em Apricot Hill, os acertos foram todos configurados por mim e por esse fato eu não vejo motivos pela desavença. Sequer fui parabenizado. Mas pra ser sincero, a culpa é minha: eu deveria ter pensado bem em tê-lo chamado para correr no campeonato, simplesmente por se tratar de uma pessoa que já não crê mais no jogo, na franquia e não vê graça alguma em campeonatos online. Esse e outros fatos foram o suficientes para desligá-lo da NAG-R, que por enquanto segue em busca de um (se não vários) pilotos para compor o time que pretende se expandir nas próximas competições da GTS, sejam quais for, daqui pra frente.
Uma dica pros futuros donos de equipes virtuais: jamais chame alguém para sua equipe por obrigação ou mesmo amizade. E se for chamado pra alguma equipe, não se sinta obrigado a nada, mas também não participe de algo que não quer realmente, seja qual for o motivo.
Podem muitos considerar esse mais um campeonato online, mas acredito que tenha sido algo mais. Algo especial para os membros da GRAN TURISMO STAGE, meu principal desejo desde o principio. Estou muito grato por ter organizado-o e o que mais quero é aprimorá-lo na próxima temporada, sem descrença alguma.
Obrigado a todos pela leitura. Se você chegou até aqui, posso dizer que você é muito, mas MUITO paciente, e você vai longe! Meus pêsames a quem não conseguiu nada além de vir apenas para verificar as fotos.
Você pode conferir a galeria das etapas aqui e o review de cada uma no site oficial da GTS.