É assim que inicio o post sobre a corrida que aconteceu mais cedo, no Fuji Speedway, direto da província de Shizuoka, em frente àquele vulcão que os especialistas mais pirados do planeta relatam que pode entrar em erupção a qualquer hora. Só sei que, diante de 58 mil e tantos espectadores fanáticos (pretendo me incluir entre eles, daqui uns meses), a erupção, na corrida, foi completamente da Nissan, nos dois lados da divisão!
De forma precisa e inquieta, a NISMO, com o MOTUL AUTECH GT-R, campeão do ano passado, conseguiu ser líder da GT500 de ponta-a-ponta. Tranquila? Nem pensar. Há poucos décimos, na segunda posição, estava o GT-R da IMPUL, que João Paulo de Oliveira pilota e que iniciou a perturbação contra o carro-irmão. Lembro que a distância era quase mínima entre esses dois carros até a primeira parada, mas já já chegamos lá...
Cerca de 10 voltas completadas, de uma maneira muito estranha, um dos carros da GT300, mais precisamente a Lamborghini Gallardo GT3 #88, de Manabu Orido, Kimiya Sato e Kazuki Hiramine – com este último ao volante, perdeu o pneu traseiro esquerdo, resultando até em uma "pequena" chama que comprometeu o motor, uma vez que este fica na posição central do carro. O incidente, por bem, não afetou outros carros, mas ocasionou a entrada do safety car por precaução.
Enquanto isso, muitos dos carros já iniciavam suas paradas para troca de pneus. mas nenhum da GT500. Voltando a principal briga da corrida, ao apagar das luzes do safety car (ao que me recordo, na volta 15), Ronnie Quintarelli, na reta do circuito, quase bobeou em continuar com baixa velocidade – João Paulo de Oliveira só não o passou porque, muito provavelmente, temia que fosse punido. Foi uma precaução até que bem executada, pois continuou nos proporcionando a briga do momento.
Ao primeiro stint da troca de piloto e de pneus, o NISMO #1 entrou primeiro. Quitarelli cedeu o cockpit ao futuro piloto da Nissan nas 24 Horas de Le Mans esse ano, Tsugio Matsuda. O CALSONIC IMPUL GT-R veio parar uma volta depois, basicamente na mesma estratégia. Hironobu Yasuda assumiu o cockpit do azulão – e aí vem um dos maiores sustos durante a corrida. Carro, pneu e combustível ok, voltou pra pista na frente do MOTUL AUTECH, porém, inesperadamente, mesmo com os pneus novos, Hiro quase "rodopeia o peão" da IMPUL e perde de forma fácil para o líder original. Não houve outra solução a não ser ir atrás do prejuízo – que estava a um segundo à frente.
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Apesar da dupla dobradinha, não foi um mar de rosas completo pra Nissan. O S Road MOLA GT-R #46 sofreu um drive through penalty e ainda rodou, perdendo totalmente o foco |
O segundo stint foi bem mais dramático, pois J.P. assumiu novamente o volante, mas não conseguiu acompanhar mais o #1 da NISMO, que contava novamente com Quintarelli.
De uma forma tímida, uma vez que os Lexus não estavam lá aquelas coisas, o melhor deles (PETRONAS TOM'S RC F) abocanhou a terceira posição, mas não sobrava diferença entre os melhores GT-R da GT500 e ficou cerca de 30 segundos atrás até o fim da corrida. A Honda também teve um bom representante entre os 4 primeiros colocados: KEIHIN NSX, que de Koudai Tsukakoshi e Hideki Mutoh, lhes renderam um bom quarto lugar. Em contrapartida, os outros NSX não foram bem, sendo que dois deles foram recolhidos por problemas mecânicos.
A GT300 começou com o Prius #30 da apr liderando o pelotão, com a GAINER SLS #11 de Bjorn Wirdheim e Katsuyuki Hiranaka incomodando os dois GT-R GT3 – no caso, o B-MAX NDDP GT-R #3 e o GAINER TANAX GT-R #10, que no fim foram responsáveis pela dobradinha da Nissan nesta classe.
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Lembre-se: dois dos bem bons estão pilotando esse carro – André Couto e Katsumasa Chiyo |
Acerca do já citado incidente envolvendo a Lamborghini #88, o safety car foi acionado, e aproximou esse quarteto novamente. Logo após o fim o GT-R #3 e a SLS #11 passam o Prius, O GT-R da Gainer, com Ryuchiro Tomita ao volante, foi pros boxes pensando na melhor estratégia: pare primeiro e veja a concorrência perder tempo e borracha na pista – e entregue o carro para Katsumasa Chiyo, o autor da vitória da Nissan nas 12 Horas de Bathurst. Sim, ele corre full season na SUPER GT esse ano.
O B-MAX GT-R, o Prius e a SLS #11 começaram uma briga interna tanto na pista quanto na estratégia de parada. Deram uma chance a um certo ARTA CR-Z GT de curtir o primeiro lugar, mas não por muito tempo, pois o próprio foi mandado pra garagem. A estratégia da Gainer para o GT-R #10 caiu como uma luva e o carro começou a liderar com um pouco de folga pro segundo, na ocasião o Prius, que acabará de mandar Yuichi Nakayama ceder o cockpit para Koki Saga. A SLS #11 estava com Bjorn Wirdheim agora, e a NDDP perdeu um dos pneus, mas já estava a caminho dos boxes
A partir desta pauta, vimos um tremendo show de disputa pelo... segundo lugar. Esqueçam o TANAX GT-R lá na frente e olhem pro Prius e a SLS aqui, brigando pau-a-pau. A SLS batia quase 280km/h na reta, enquanto que o híbrido da Toyota compensava tudo nas curvas. Não tenho muito a descrever, só digo que foi um espetáculo a parte.
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Finalzinho escaldante na GT300 – the "Godzilla" mandando ver contra a asa-gaivota e o híbrido mais amado do mundo |
Durou um bom tempo, mas ao final da corrida (com o GT-R #10 já consolidando a vitória), o B-MAX NDDP GT-R vinha, constantemente, volta por volta, cada vez mais rápido e disposto a atacar, como o Godzilla, a SLS e o Prius – e foi o que aconteceu. Por incentivo de Masahiro Hasemi (a lenda, chefe de equipe da NDDP) nas voltas finais, saia da cabine para saudar o desempenho de Mistunori Takaboshi, que estava pilotando no momento. "Hayaku, hayaku!", era o que parecia vir da boca e dos braços de Hasemi, toda vez que o GT-R #3 passava na reta.
O resultado foi um segundo lugar.
O Prius, "para a alegria de muitos", sofreu uma queda repentina logo no fim – e perdeu a chance de ir pro pódio. O terceiro lugar caiu como uma luva para a dupla Bjorn Wirdheim e Katsuyuki Hiranaka. Em compensação, o toyotão terminou em quarto.
Os campeões da GT300 no ano passado, Nobuteru Taniguchi e Tatsuya Kataoka, ao final da corrida, conseguiram a quinta posição, com a novíssima SLS AMG patrocinada pela Hatsune Miku, depois de uma boa briga contra a Studie Z4 de Jorg Muller e Seiji Ara.
Quanto à baixas, uma péssima corrida para os "mother chassis", no caso, os 86 MC e o Lotus Evora, que foram completamente nocauteados pelos problemas mecânicos. Outras baixas envolveram problemas de câmbio, pneu furado e falha no motor. Tudo isso mistura-se aos carros como a McLaren MP4-12C, um dos Audi R8 e o novo Lexus RC F GT3.
Te vejo em 21 de junho, SUPER GT. A próxima é a Tailândia, no Cheng International Circuit.