Como domingo passado foi realizado a 43th edição dos famosos 1000 km de Suzuka, acho justo fazer uma tour por uma linha do tempo contando sua história.
Suzuka Circuit é um verdadeiro templo automobilístico, assim como seu maior arquirrival em terras nipônicas: o Fuji Speedway. É inegável dizer que Suzuka é um dos palcos de corridas mais importantes do mundo, afinal, foi a casa de duelos mundiais como as de Senna vs. Prost, na Fórmula 1. As intermináveis vitórias de Schumacher, também na F-1. A batalha de Hoshino vs. Nakajima, na Formula Nippon (quando se chamava F3000). E infelizmente, também de momentos trágicos como mortes recentes de Daijiro Kato, da MotoGP, de Mário Sanz, em um teste da F-1, ou mesmo a perda de Hitoshi Ogawa, que decolou no retão dos boxes em 1992, na F3000. Só citando exemplos. Todo esse privilégio foi dado graças a uma idealização da Honda, escalando então John "Hans" Hugenholtz para desenhá-lo, a principio, para testes privados, numa configuração incomum – o circuito foi posto em forma de "oito", no qual passa por um viaduto que antecede o segundo setor da pista. O Suzuka Circuit surge oficialmente em 1962.
Não é a toa que é um dos meus circuitos prediletos, mesmo correndo por lá só em vídeo-game.
NOTA: Estes são os desenhos inicias omitidos antes do circuito ser construído. Não confundir com a evolução fora do papel |
Ao longo de mais de 50 anos de vida, o circuito foi modificado três vezes. Como na ilustração acima, o último tracejado acabou sendo a primeira configuração do circuito, passando por uma reforma em 1983, com a implantação da famosa chicane – a Casio Triangle – e em 2002, sendo modificada novamente, com um pequeno "update" em 2003 envolvendo a chicane e a matadora 130R, que se estende até hoje.
Durante todo esse tempo, desconsiderando o GP do Japão de Fórmula 1 (realizado no circuito desde 1985, descontinuado em 2007 e de volta em 2009), um dos maiores eventos de automobilismo do mundo sempre foi realizado por lá: os 1000 km de Suzuka.
Apesar dos 1000 km de extensão, o evento começou oficialmente durando "apenas" 500 km. A foto acima ilustra a primeira largada do evento, realizado em 1966 e que teve com bom vencedor o lendário Toyota 2000GT, com Sachio Fukuzawa e Tomohiko Tsutsumi a bordo, no carro #2.
No ano seguinte, a duração do evento mudou: agora são 12 horas de corrida. O evento ficou conhecido em 1967 como "As 12 Horas de Suzuka", e teve como vencedor um Porsche 906 (antes do sucesso absoluto da marca em Le Mans e nas outras endurances, inclusive. O Porsche 906 só teve vitórias em classe até esse feito.) pilotado, também, por pilotos japoneses: Shintaro Taki e Kenjiro Tanaka.
Sim, o da foto acima é o Toyota 7. Um dos primeiros a correr oficialmente e bem diferente daquele que você pode dirigir no Gran Turismo. Os samurais Sachio Fukuzawa e Hiroshi Fushida guiaram esta lenda por intermináveis 1000 km no circuito hondista. Segunda vitória da Toyota no evento, portanto.
Mas no ano seguinte a Porsche acaba que empatando. Novamente, durando 12 horas, a edição de 1969 foi a segunda e última disputada neste formato. Quem acabou emplacando a vitória geral foi novamente o Porsche 906, uma das últimas corridas do Porsche 906 na história – antes de ser definitivamente trocado pelo 910, o vencedor dos 1000 km de Suzuka de 1971. No ano anterior, outra montadora japonesa entrou no Hall das nipônicas que venceram em casa. A Nissan acabou ganhando em 1970 com um Fairlady Z432 (com motor S20 dos GT-R KPGC e especificação técnica similar) com Kawakami Nishino e Koji Fujita a bordo. Em '72, a Toyota subiu no topo novamente, com o novo Toyota Celica 1600GT-R.
O modelo acima é o vencedor. Além do fato desta vitória ter sido de outro Zetto, era a primeira de uma das maiores lendas do automobilismo japonês, cujo é considerado "O pai do drift", por apresentar com precisão esta técnica ao Japão (apesar de diversas controvérsias sobre a criação do drift). O nome do sujeito é Kunimitsu Takahashi.
No boom do automobilismo japonês, Takahashi já era piloto de fábrica da Nissan. Pilotou o lendário R380 e, o mais lendário ainda, o famoso "hakosuka" Skyline GT-R KPGC10. Até hoje esse cara é retido como uma das lendas do automobilismo nipônico. E não foi diferente nos 1000 km de Suzuka: ele é o maior vencedor da festa, com quatro vitórias no total (1973, 1984, 1985 e 1989).
Durante esses primeiros anos dos 1000 km de Suzuka, eis uma pergunta: onde a Honda foi parar nesse tempo todo? A dona do circuito teve que segurar duas tragédias no evento: Takashi Matsunaga, em 1969, com o Honda R1300, acabou batendo no guard hail da Spoon Curve, que fez com que seu carro entrasse em chamas e consequentemente com ele de passageiro. O resultado foram queimaduras de terceiro grau no seu corpo. Tais sequelas o levaram à óbito 25 dias depois.
Depois, no ano seguinte, outra morte. Kiyoshi Akiyama teve um destino similar, dessa vez, com o pequeno Honda S800, um acidente causado na mesma Spoon Curve onde faleceu Matsunaga, fez com que seu carro pegasse fogo rapidamente. O outro piloto envolvido, Hiromi Nishino, escapou ileso do Isuzu Bellet concorrente, mas Akiyama permaneceu no carro em chamas por... 15 minutos! Inimaginável nos dias de hoje... Mas a preparação naquela época era outra. E Akiyama morreu lá mesmo, queimado vivo.
Os 1000 km de Suzuka deixaram de ser realizados entre 1974 e 1979, voltando apenas em 1980. O próximo post contará o que ocorreu neste período, marcado principalmente pelo épico Grupo C de protótipos. See you!
Largada ao bom estilo "Le Mans" de ser |
Toyota 7, o "primeiro" vencedor dos 1000 km de Suzuka |
Mas no ano seguinte a Porsche acaba que empatando. Novamente, durando 12 horas, a edição de 1969 foi a segunda e última disputada neste formato. Quem acabou emplacando a vitória geral foi novamente o Porsche 906, uma das últimas corridas do Porsche 906 na história – antes de ser definitivamente trocado pelo 910, o vencedor dos 1000 km de Suzuka de 1971. No ano anterior, outra montadora japonesa entrou no Hall das nipônicas que venceram em casa. A Nissan acabou ganhando em 1970 com um Fairlady Z432 (com motor S20 dos GT-R KPGC e especificação técnica similar) com Kawakami Nishino e Koji Fujita a bordo. Em '72, a Toyota subiu no topo novamente, com o novo Toyota Celica 1600GT-R.
Com apenas 170cv de potência a 8000 rpm e 16kgfm de torque a 6500 rpm extraída do 2T-G 4 em linha, o carro venceu não só os 1000 km de Suzuka, mas também o GP japonês, disputado em Fuji e em Suzuka do mesmo ano. Feito que não conseguiu repetir em 1973, quando o vencedor foi novamente o Fairlady Z, na versão Z432R, modelo esse especialmente para homologação em corridas.
Infelizmente não consegui achar uma foto original... Vai a de uma miniatura, mesmo |
Sim, Kunimitsu Takahashi, nos anos 70, mais parecia uma senhora piloto do que um samurai. |
Durante esses primeiros anos dos 1000 km de Suzuka, eis uma pergunta: onde a Honda foi parar nesse tempo todo? A dona do circuito teve que segurar duas tragédias no evento: Takashi Matsunaga, em 1969, com o Honda R1300, acabou batendo no guard hail da Spoon Curve, que fez com que seu carro entrasse em chamas e consequentemente com ele de passageiro. O resultado foram queimaduras de terceiro grau no seu corpo. Tais sequelas o levaram à óbito 25 dias depois.
Depois, no ano seguinte, outra morte. Kiyoshi Akiyama teve um destino similar, dessa vez, com o pequeno Honda S800, um acidente causado na mesma Spoon Curve onde faleceu Matsunaga, fez com que seu carro pegasse fogo rapidamente. O outro piloto envolvido, Hiromi Nishino, escapou ileso do Isuzu Bellet concorrente, mas Akiyama permaneceu no carro em chamas por... 15 minutos! Inimaginável nos dias de hoje... Mas a preparação naquela época era outra. E Akiyama morreu lá mesmo, queimado vivo.
Os 1000 km de Suzuka deixaram de ser realizados entre 1974 e 1979, voltando apenas em 1980. O próximo post contará o que ocorreu neste período, marcado principalmente pelo épico Grupo C de protótipos. See you!
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